quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Era um dia comum, adultos indo para a escola, crianças indo trabalhar, cachorros aparando a grama, gatos sentados nas cadeiras de varanda, fumando charuto e bebendo leite com achocolatado. Eu estava a caminho da escola, montado no Charlie, meu lagarto irlandês. As pessoas andando para lá e para cá como se tivessem todo o tempo que pudessem, homens olhando os belos traseiros das mulheres, mulheres caminhando e arrumando suas maquiagens.
Todos fazendo coisas inúteis como se fosse realmente necessário.
Lá estávamos eu e Charlie, eu tomava meu copo matinal de rum, os cabelos bagunçados voando pelos lados da cabeça conforme o vento batia, quando de repente...
Uma terrível vaca se materializa na minha frente, seus incríveis pelos roxos fluorescentes, brilhando absurdamente e nos cegando, Charlie põe-se cuidadosamente de pé para não me derrubar, desço e ele se põe em posição de defesa, me escondo atrás de um cacto no jardim da casa em que parei, todos começam a correr desesperadamente tentando se proteger do que estava por vir.
Os olhos da vaca começam a brilhar, pretos, uma aura verde cresce ao seu redor, Charlie veste suas luvas e puxa uma de suas escamas, transmutando-a em um óculos escuro, ele o coloca e então é capaz de emitir raios ultravioletas que destroem os pelos das vacas, deixando-as vulneráveis, enquanto a vaca geme com a perda dos seus pelos, Charlie pega o celular e pede uma pizza, que na verdade é o código secreto dos Animais Defensores dos Humanos para avisar o aparecimento do clã da natureza*.
Charlie levanta outra de suas escamas e então tira um copo de cianeto, então pega uma colher e joga um pouco do conteúdo na vaca, que em seguida, começa a desintegrar, então fica apenas observando a vaca se contorcer no chão, enquanto espera a chegada de algum outro membro da organização
Alguns instantes depois Pitty surge voando, se aproxima e pousa ao lado de Charlie, abre a caixa de pizza e começa a comer, enquanto observa a vaca maldita desintegrar no chão, Charlie pega um pedaço também.
- Pressinto coisas ruins para este fim de semana – diz Charlie.
- O mestre falou que a Bananeira do Destino começou a murchar – comenta Pitty.
Fica apenas uma mancha escura onde antes estava a vaca, as pessoas retomam o que estavam fazendo, eu subo nas costas de Charlie outra vez e ele me leva para a escola, acompanhado por Pitty.


*nome provisório, quem tiver uma ideia para um nome melhor, compartilhe-a.
 

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

...


Fui assistir a uma apresentação bizarra de pôneis carnívoros voadores. Eles estavam mascando ameixa da Pérsia, enquanto destroçavam um bando de jacarés amedrontados. Uma pessoa da platéia ficou com dó dos jacarés e invadiu a apresentação. Nunca vi um pônei tão furioso, ficou de pé em suas patas traseiras e quando atingiu a altura do peito do homem, mordeu com tal voracidade que o dividiu em dois.
                Alguns expectadores ficaram tão desesperados que saíram gritando histericamente, o que não foi boa idéia, pois só irritaram os pôneis ainda mais.
Eu não saí, os pôneis só me pareceram ainda mais divertidos, sem senso de humor, mas divertidos.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Quieto demais para ser verdade...


Era tarde de terça-feira, a rua, geralmente movimentada, estava deserta, havia apenas um gato passeando pela grama da família Parker. Seus olhos âmbar vidrados em qualquer coisa do outro lado daquele canteiro.
As nuvens moviam-se de maneira engraçada, com formas engraçadas. O sol batia de leve, apenas um toque morno aconchegante, chego em casa e sento na cadeira da varanda apenas para observar a quietude maravilhosa. Acendo um cachimbo e começo a jogar a fumaça para o alto, ninguém em casa também, havia um toque de surrealismo naquela tarde, mas tardes assim eram raras, principalmente durante a primavera, então eu decido me dedicar ao ócio o quanto fosse possível.
Não muito tempo depois um clarão verde fluorescente explode na minha frente e então um lagarto cabeludo surge no meio da rua, no lugar onde houve o clarão. Olho verde esmeralda na mesma cor da escama, cabelo ondulado laranja seguindo até a metade do corpo. Um metro e meio de altura, talvez um pouco menos, apoiado nas patas traseiras. Olha na minha direção, ergue a pata dianteira direita...
- Olá – diz o lagarto com uma voz suave.